Vamos ser sinceros, já faz algum tempo que estamos carentes de aventuras épicas, não acha? Nos últimos anos os filmes de aventura e fantasia lançados no cinema foram em sua maioria remakes e sequências de histórias já abraçadas pelo público e as poucas corajosas histórias inéditas não chegaram nem perto de fazer um grande sucesso, muitas vezes beirando o fracasso. E dessa vez não é diferente.
George R.R. Martin, sim, eu sei que você conhece esse nome! E como não conhecer?? O famoso escritor de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, também conhecido como “A Guerra dos Tronos” que fez um esplendoroso sucesso na TV em 2011 e entre outras tantas obras de ficção fantástica. Esse é o nome por trás do filme que estreia nessa semana nos cinemas, chamado Nas Terras Perdidas.
Dirigido por Paul W. S. Anderson, o longa que promete trazer de volta uma aventura épica e cheia de emoção para as telonas é uma adaptação dos contos de Martin, fato esse que já causa um alvoroço entre os fãs. Porém não se iluda, o filme não chega nem perto de entregar o que promete.
Em “Nas Terras Perdidas” somos levados a um mundo pós-apocalíptico (sim, mais um, pra variar) onde acompanhamos Gray Alys (Milla Jovovich), uma bruxa poderosa, perseguida pela Igreja e com sérias dificuldades em dizer “não”. É, é isso mesmo. Ela que é frequentemente procurada pelas pessoas para realizar desejos, não consegue negar trabalho e aceita toda e qualquer bucha a fim de realizar o pedido alheio. Porque? Vai saber né? Dizer não é complicado mesmo.
Sabendo dessa necessidade de Alys de agradar a todos, a própria Rainha a procura e lhe faz um pedido, o poder de se transmutar em Lobisomem. Para isso, Gray Alys contrata o caçador parrudo Boyce (Dave Bautista) para que a leve às Terras Perdidas em busca do covil de um lobisomem.
Claro que não será tão fácil chegar ao Lobisomem, já que enquanto a viagem acontece eles também terão que enfrentar a fúria do exército da Igreja que não poupará esforços e muito menos crueldade para capturar e enforcar a bruxa Gray Alys.
Por essa sinopse o roteiro parece até interessante não é? Mas acredite, nada convence nessa história.
Sabe quando você é apresentado a uma nova história e naturalmente traz várias questões mentais para compreendê-la? Pois é, nenhuma dessas questões são respondidas em nenhum momento. A sensação é que você embarca em uma história – sem pé nem cabeça – que se torna um tanto quanto embaraçosa e desconfortável.
“Nas Terras Perdidas” é um filme que tenta ser épico a todo custo, exaltando a força e a agilidade de seus personagens. Mostrando Gray Alys saindo intacta da forca já no início do filme e Boyce enfrentando uma corja de ladrões no maior estilo faroeste futurista com pistolas que surgem do nada e uma cobra venenosa de duas cabeças que sem dúvida era a melhor personagem dessa trama – pena que morreu cedo.
Acredito que a maior façanha desse filme é o fato de nada e nem ninguém convencer. Temos no elenco, como citado acima, Milla Jovovich e Dave Bautista, excelentes atores, mas que nesses papeis parecem extremamente deslocados.
Nem mesmo as cenas de luta com Milla Jovovich fazendo referência a Resident Evil, conseguem dar uma emoção à trama. São cenas, enquadramentos, frases de impacto e vilões que beiram o cômico.
E por falar em referência, fica clara a inspiração em Mad Max e até mesmo em Game of Thrones, quando demônios aparecem e lembram de certa forma os Vagantes brancos. Porém esses demônios são tão mal explicados que a cena se torna banal, assim como todos os outros personagens introduzidos na trama.
É extremamente difícil construir qualquer tipo de afeição pelos personagens, tanto os principais quanto os secundários, e se algo trágico acontece com eles, o filme tenta impor uma comoção que é inexistente.
Resumindo “Nas Terras Perdidas” é um filme totalmente esquecível que se caso tiver uma sequência, duvido muito que vai sair da banalidade.
Nota: ★