Como parte integrante do fascinante universo criado pelos autores das “Crônicas dos Senhores de Castelo”, Gustavo Tezelli, conhecido no mundo das letras como G. Norris, nos apresenta a obra “Tannhäuser”, uma empolgante aventura literária a um lugar pertencente entre os dilemas do vazio e do existir. Reza a lenda que escondida nos confins mais remotos do Multiverso, existe um local conhecido como a Cidade dos Mil Sonhos, onde o tempo passa em um ritmo distinto de toda a criação.

Da sinopse do livro, percebemos que a lenda de Tannhäuser é conhecida em vários mundos de modo que a cidade dos sonâmbulos do dia se apresenta com características únicas, repleta de folclore condizente com os povos que a imaginam. Entre pântanos lamacentos, castelos imponentes, torres de cristal ou cavernas primitivas, para cada visitante Tannhäuser é um espelho de sonhos e um reflexo dos medos, dos desejos e dos anseios escondidos em suas almas. Mas para muito além de sua aparência, a cidade guarda um terrível segredo o qual pode ameaçar a paz e a harmonia do Multiverso, cabendo a um intrépido grupo de heróis ir em busca de sua localização, em uma empolgante aventura pelos confins do tempo.

A narrativa de G. Norris é rápida e fluída, dialogando entre momentos de extrema aventura a flashbacks dos personagens, prendendo o leitor do começo ao fim. Desde as primeiras páginas, a apresentação dos personagens é de tirar o fôlego, não há como não se envolver com a personalidade de cada um, ficando difícil para o leitor dizer de qual gostará mais no futuro. Navegando pelo rico e complexo universo fictício conhecido como “Multiverso”, as aventuras dos companheiros a bordo do navio Aurora Rubra faz o sangue gelar quando o perigo se aproxima da proa da embarcação, sendo impossível não ficar atento ou desviar o olhar das páginas do livro.

Histórias e acontecimentos paralelos à narrativa principal são pincelados pelo autor dentro da obra apenas para atiçar a curiosidade do leitor, como a história de Zeitgeist, deixando para aqueles que se aventuram pelas páginas do livro o sentimento de angustia do personagem ao perder o objetivo de sua vida e depois ficar esquecido sem rumo em sua própria mente. Propositalmente, locais e personagens são apenas citados para que o leitor fique no desejo por maiores informações como sobre o denominado “Mundo Negro”, ou sobre “O Mal do Desiquilíbrio e a Flor Verde de Tolemac”. Reflexões e indagações são levantadas ao leitor como quando o autor afirma que o navio Aurora Rubra busca algo ou alguma coisa, mas no fundo, todos não estamos buscando algo ou alguma coisa? Em pequenos trechos vemos poesia em forma de narrativa, como quando o autor afirma que “o sol nasceu no horizonte em raios tímidos como se estivesse esperando a noite se afastar totalmente antes de brilhar no céu”.

O desfecho do livro é eletrizante e a mensagem final deixada pelo autor como pensar nas dificuldades em se escolher o mundo das letras como profissão nos faz refletir sobre a importância desta sagrada missão, que é iluminar o mundo propagando ideias nas páginas de um livro. Como escrito pelo autor nos agradecimentos finais, o trabalho de diagramação do livro coordenado por Myrna Wakkaf é primoroso, e a capa idealizada pelo talentoso Rafael Pen apenas abre a imaginação para o que seria a aventura até a cidade dos sonâmbulos do dia, cabendo um especial destaque para Editora Fragmentos por publicar o livro e pelo incentivo a literatura fantástica. Que a série “Crônicas dos Senhores de Castelo” continue a alimentar a mente dos leitores e que o autor G. Norris nos brinde com novas aventuras pelos distantes confins do Multiverso. Sem sombra de dúvidas, a comunidade literária e os amantes das boas letras o agradecem por este belíssimo presente.

Por Evaldo Pedroso de Paula e Silva Membro do Conselho de Cultura da Cidade de Curitiba
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: NORRIS, G. Tannhäuser. Curitiba: Fragmentos, 2016, p. 228.

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