A história é baseada nos quadrinhos da desenhista argentina Mitena Burundarena, que no Brasil são conhecidas do público por intermédio dos 5 volumes de livros das histórias em quadrinhos ou das publicações na Folha de São Paulo e da Revista Claudia. Essa é a primeira adaptação dos quadrinhos para o cinema (nem no país natal da autora ainda foi feito) e é no mínimo peculiar – o filme até começa bem fazendo uma boa comparação com os quadrinhos mas acaba caindo em piadas ruins, estereótipos batidos e antigos e clichês de relações pessoais.

A priori o filme confunde o público, que tem a impressão de que poderia ser uma versão brasileira de “Sex and City”, mas depois deixa bem claro a separação das histórias. O elenco é inegavelmente talentoso – Deborah Secco, Mônica Iozzi, Alessandra Negrini e Maria Casadevall são as protagonistas (juntamente com Sérgio Guizé e Daniel Boaventura), cada uma com seu drama pessoal e querendo mudar a vida de alguma forma. Deborah é Keka, que vive um casamento fracassado com Dudu (Sergio Guizé) e tenta fazer de tudo para salvar o relacionamento – só ela faz esse esforço inútil e ele só piora ao decorrer do longa. Alessandra Negrini é Marinati, uma advogada solteira que gosta de curtir a vida e vive sem querer se envolver, pois quando o fez teve uma grande decepção. Mônica Iozzi vive Sônia, que é uma mãe e dona de casa que cuida de duas crianças pequenas (no filme ela cuida deles sozinha mas ela sempre se refere ao marido ausente) que sonha em ter uma folga ou voltar no tempo da vida sem filhos. Marina Casadevall vive Leandra , irmã mais nova de Sonia, que acaba de ‘trintar’ e está em uma crise existencial por ter 30 anos, vive uma vida desregrada, sem estabilidade emocional e financeira.

O filme se desenvolve nesses 4 dramas das personagens descritas – muito mais nos dramas das vidas de Keka e Marinatti (que são chefe e assistente) do que das outras, e deixa a desejar quanto ao enredo mal desenvolvido desses dramas deixando tudo muito superficial. Marinati em determinado momento se apaixona em poucos minutos por um desconhecido e isso transforma completamente sua cabeça de workaholic para devoradora de homens – se torna uma moça frágil, fútil e superficial, o que chega a indignar quem assiste pois até seu trabalho é jogado no lixo por uma paixão de poucos dias (como se uma mulher feliz no amor não pudesse ser feliz no trabalho). O drama de Sônia e Leandra deixa um ar bem superficial e pouco explorado. Em apenas uma noite elas trocam de papeis entre si e no outro dia vivem bem pelo resto da vida, algo que não toma nem ¼ do filme perto do drama de Keka e Dudu que passam o filme todo brigando em brigas de pouca solução que faz o público imaginar desde o começo porque uma mulher incrível como aquela estava acabada e com um rabugento daqueles. Esses são os estereótipos do filme – a solteira satisfeita e bem sucedida que ao se apaixonar se torna tola e incompetente; a casada judiada pelo tempo de casada (e pelo emprego, o filme tenta a fazer parecer inteligente com um coque e um óculos) mas que depois que se livra de suas amarras e volta a ser linda; a dona de casa insatisfeita com a loucura de sua vida que quer uma noitada muito louca e a solteira que só tem noitadas loucas, criada com os mais diversos mimos que não sabe o que fazer com sua vida vazia.

As atrizes atuaram muito bem diante do pouco enredo e a fotografia do filme é bem clara para diferenciar as 4 tramas que envolvem o filme, mas isso não bastou pra salvar a fraca história do longa do incrível quadrinho de Mulheres Alteradas. Realmente uma pena não fazer jus as histórias em quadrinhos da argentina Mitena.

 

Crítica: Michelle Roque

SOBRE O FILME
Data de estreia: 05/07/2018
Gênero: Comédia
Distribuidora: Paris Filmes
Elenco: Maria Casadevall, Mônica Iozzi, Alessandra Negrini e Deborah Secco
Direção: Luis Pinheiro

Sinopse: Comédia sobre os dilemas tragicômicos enfrentados por quatro mulheres em diferentes fases da vida: Leandra (Maria Casadevall) está na crise dos 30. Solteira, não aguenta mais a intensa vida noturna; sua irmã, Sônia (Monica Iozzi), é o oposto. Casada e com dois filhos, sonha com uma noite de curtição; Já Marinati (Alessandra Negrini) é uma advogada workaholic que se apaixona justo quando sua carreira está deslanchando. E Keka (Deborah Secco), está ansiosa com a viagem que programou para salvar seu casamento.