Olá pessoas lindas e maravilhosas!  <3

Me chamo Ana, mas pode me chamar de Ana Lontra (um dia eu conto de onde vem esse apelido), e gostaria de poder compartilhar um pouquinho da minha história com vocês.

Desde que me conheço por gente, sou fascinada pela cultura japonesa. Mesmo sendo descente de alemães, italianos e árabes, meu sonho era ter os olhos puxadinhos. Essa paixão pela cultura japonesa foi crescendo cada vez mais e aos poucos fui conhecendo animes, mangás, J-Pop e J-Rock. Então começaram a vir os Matsuris, os primeiros Shinobis (há 10 anos atrás) e a vontade crescente de conhecer a terra do Sol Nascente.

Por uma sorte tremenda ou sabe Deus o que, com 15 anos consegui realizar esse sonho (nada como trocar aquelas festas de 15 anos chatas por uma viagem e ter uma amiga que nasceu no Japão, que estava indo visitar bem na época dos nossos 15 anos). Fiquei em uma cidade do interior (Komoro, mais especificamente, na província de Nagano), então pude conhecer aqueles típicos cenários de animes, com os riozinhos passando no meio da cidade, visitar Karuizawa (quem lembra do Ouran High School vai entender o porque era NECESSÁRIO ir pra essa cidade), conheci a Tokyo Disneyland, comprei coisa pra caramba (que por sinal uso até hoje) e quando eu vi, já estava na hora de ir embora.

Voltei pro Brasil com um gostinho de “quero mais”, de sonho realizado, mas com a vontade de criar outro sonho pra trilhar, mirar mais alto, voltar pro Japão, sabe Deus como. O tempo passou, o terceirão chegou rápido demais, com ele o final do Ensino Médio e o início da Graduação, muitas mudanças no âmbito familiar, na vida amorosa, no estilo de anime que eu curtia, muita coisa mudando dentro de mim e ao meu redor. Mas o sonho de voltar pro Japão continuava o mesmo. Então eu descobri o famoso Ciência Sem Fronteiras (quem é da minha época vai lembrar), um programa para universitários e a galera da pós-graduação para fazer uma parte do curso no exterior. Pensei “É agora que eu vou!”. Comecei a fazer aulas de japonês no Celin (Centro de Línguas da UFPR) e como meu irmão tinha ido para a Dinamarca com esse programa, pensei cá comigo mesma: “Meu irmão voltando, eu faço a minha inscrição!”.

HAHA.
Não.

Imagina tudo, absolutamente TUDO dar errado na hora da inscrição, desde a recém separação dos meus pais, meu passaporte vencido, prazo apertado, greve  eterna na UFPR, entre mil e outras coisas. Meu coração estava dilacerado, eu queria tanto voltar pro Japão! Mas mesmo com os olhos cheias de lágrimas e o kokoro apertadinho, decidi que aquele não era o momento certo. Mas eu continuei com o sonho de voltar para o Japão.

Comecei a me envolver cada vez mais na comunidade do Celin, indo nos eventos sempre que podia, como foi o caso de um concurso de oratória que eu me enfiei em 2013. Em resumo: escreva e decore 3 minutos de texto em japonês, vá na frente de uma geral e recite o texto, sem ficar lendo nem nada. Desespero? Nããão, magina! Mas fui mesmo assim. E tirei segundo lugar! (tudo bem que tinha só 3 pessoas na minha categoria, mas isso são detalhes, não é mesmo).  Eu jamais imaginaria que esse evento iria me apresentar uma das portas que eu precisava encontrar: foi nessa ocasião que eu conheci as bolsas de estudo do MEXT (guarda bem esse nome, que ele vai ser importante, real oficial).

O MEXT é o Ministério da Educação, Esportes, Tecnologia e mais sei lá um monte de coisa do Japão, que oferece todos os anos bolsas de estudo pra alunos do mundo inteiro. As bolsas disponíveis para o Brasil vão desde Graduação plena (sim, 5 a 7 anos direto no Japão pra você cursar a Universidade inteira lá), Pesquisa (que pega Pesquisa, Mestrado e Doutorado), Língua e Cultura Japonesa, Treinamento de Professores, e mais algumas. (Vou deixar o link no final do site do consulado do Japão em Curitiba que tem mais informações).
Nesse momento que fiquei sabendo dessa possibilidade, meu kokoro se aqueceu de novo e pensei: “Então vou no mestrado!”.

Mas eu fui no mestrado???
É, lei de Murphy.

Um ano depois que eu descobri essas bolsas, o programa do Ciência sem Fronteiras estava cada vez diminuindo mais, e por causa da Iniciação Científica (que é tipo de um “pré-mestrado” que você pode fazer durante a Graduação, super recomendo por sinal), conheci um professor japonês, o Kobayashi-sensei, que foi ao Brasil por conta de um congresso internacional que rolou ai.

Nessa hora comecei a entrar em contato com ele, com o kokoro cheio de esperança, e perguntei se ele me aceitaria como aluna de mestrado.

É, a resposta foi não.

Na época ele só estava aceitando alunos de doutorado e pós-doutorado. E quando as minhas esperanças já estavam indo pro saco, ele falou “Mas você pode vir pro doutorado se quiser”.

Então desse ano em diante (isso era 2014) meu único objetivo foi focar em terminar a graduação, fazer o mestrado no Brasil (já em parceria com o Kobayashi-sensei, por conta da astucia da minha professora do Brasil, que não perdeu tempo e já firmou parceira com ele naquele ano mesmo), e me mandar pro Japão o mais rápido possível.

Calcule 4 anos de altos e baixos. Desespero de todos os tipos, desde festa de formatura, prova para entrar no mestrado, problemas familiares, o processo do MEXT em si (demora um ano entre você fazer a inscrição e de fato ir para o Japão), a alta concorrência, amigos que tentaram 4 anos seguidos e não passaram, Kobayashi-sensei que desapareceu do mapa e reapareceu do nada 3 meses antes da inscrição, problemas financeiros, dissertação do mestrado que não acabava nunca e mais o diabo a quatro, e então a resposta finalmente veio.

Eu entreguei a minha dissertação as 3 da matina de um dia qualquer no começo de Fevereiro, e as 10 da matina do mesmo dia me ligam do consulado, me avisando que eu tinha sido aprovada. Ou seja, em Abril de 2018 eu estaria indo pro Japão. Não sei se chorei de felicidade, de desespero, de puro cansaço, de sonho realizado, não sei. Só sei que chorei muito.

Então eu tinha menos de 2 meses pra arrumar grana, defender um mestrado, e me organizar pra finalmente, depois de 5 anos planejando essa viagem, e depois de 10 anos da primeira vez que eu pisei aqui no Japão, finalmente eu estaria realizando mais um sonho: não apenas visitar o Japão, mas morar no Japão!

Hoje estou escrevendo pra vocês no meu kotatsu, com a janela dando vista pras montanhas nevadas, um frio do djanho, rezando pro Natal chegar logo (mesmo que eles não comemorem o Natal que nem a gente e sim, eles trabalham nesse dia…).

Então, o que fica de recado desse rolê todo de uma parte da minha vida para vocês: Se você tem um sonho não desista dele nunca (Sim, bem a lá Naruto galere, mas é real). Às vezes esse sonho pode não se realizar no momento que você planejou inicialmente, ou do jeitinho que você imaginou, mas continue sonhando e continue levantando esse sonho tijolinho por tijolinho, que um dia você vai olhar pra onde você está e ver que está valendo a pena.

E se um dia você realizar um sonho, sonhe um novo sonho. Sempre me frente, sempre em busca de novos horizontes, que é assim que One Piece já tem mais de 900 episódios, né diviníssimas.

Se o Japão é perfeito, como a gente vê nos animes? O que diabos eu estudo aqui? Como que é o dia a dia? Eu como sushi e sashimi todos os dias? Como que funciona essas bolsas do MEXT? E se você quiser vir pro Japão, só tem essas bolsas que da pra tentar? E se você vier só passear, que lugares que é massa conhecer? Tem Pokemon Center mesmo em qualquer canto do Japão?

Bom, essas e outras perguntas eu vou deixar pra responder em posts futuros, pra compartilhar com vocês mais dessa Terrinha do Sol Nascente que todos nós somos apaixonados por ela <3.

Link para site do Consulado.

https://www.curitiba.br.emb-japan.go.jp/itpr_pt/00_000021.html

Por Ana Carolina