Bob Marley “One Love”, é superficial mas emociona do mesmo jeito


Por Milly Rodrigs

O filme que conta a história do homem que revolucionou o reggae, o grande Bob Marley, acaba de ser lançado nos cinemas e podemos afirmar que vai emocionar os fãs e também deixar aquele famoso gostinho de quero mais no final.

Desde que foi anunciado, o filme “One love” tem sido um dos mais aguardados por aqueles que amam uma cinebiografia, como também por aqueles que são também fãs do astro do reggae, afinal de contas, a história de Bob Marley é repleta de acontecimentos, porém não dá pra se dizer o mesmo sobre o filme.

O filme, que é dirigido por Reinaldo Marcus Green, o mesmo da biografia de Richard Williams, pai das tenistas Serena e Venus, dá uma sensação de que muito é citado mas nada é tão aprofundado.

A começar pela infância e adolescência de Bob, que é praticamente inexistente, e o pouco que é retratada, com cenas inseridas em certas ocasiões, se torna bastante vaga.

A trama se concentra em mostrar um Bob Marley já adulto, casado com Rita, com vários filhos e preocupado com a situação política da Jamaica, a qual vive uma guerra civil com dezenas de vítimas todos os dias.

O momento crucial é quando Bob sobre um atentado contra sua vida,  sendo obrigado a deixar a Jamaica e fugir para a Inglaterra, onde não seria um alvo fácil para os guerrilheiros e também onde poderia focar na sua carreira e na gravação de um novo álbum.

Álbum esse que seria intitulado de Exodus, considerado o álbum do século pela revista Time em 1999.

O filme foca em mostrar o lado artístico de Bob, seu perfeccionismo para trazer uma sonoridade diferente da qual já havia feito, a sinergia com os integrantes da banda, e também o processo criativo das composições, com letras em que ele colocava todas as alegrias e angústias, letras que falavam sobre paz, amor e muitas vezes batendo de frente com as situações políticas que presenciava tanto a Jamaica, quanto ao redor do mundo.

Um dos ponto alto do filme é a forma como é explicada a cultura Rastafari, seus ideais, a forma de falar sobre o “eu” e sobre a unificação de todos. Cultura essa que Bob foi inserido em sua juventude e a levou por toda a sua vida.

A parte da história que foi menos abordada e deixou uma grande lacuna foi a relação frágil que Bob Marley tinha com a sua parceira e mãe de seus filhos, Rita. É nítido o cuidado e a preocupação que Rita tinha com Bob, e também o filme deixa claro o carinho mas também o excesso de ciúmes que Bob tinha sobre ela, porém ambos tendo consciência do que acontecia debaixo dos panos. Fica claro que Bob se relacionava com outras mulheres, assim como dá a entender que Rita também tinha outra pessoa, porém, são nessas cenas que a superficialidade do filme é gritante.

Cenas de flashback inseridas para contar a história do casal não foram suficientes. Faltou muito!

Agora o que não podemos negar, é a atuação de Kingsley Ben-Adir no papel de Bob Marley, simplesmente impecável!  O ator conseguiu incorporar os trejeitos do cantor, principalmente os movimentos que Bob fazia em cima do palco, seus movimentos rápidos com a cabeça, suas danças, sua fala por vezes arrastada e seu olhar baixo.

Kingsley, além do “glow up” que deu ao astro – temos que admitir – estudou muito bem os movimentos de Bob, tanto que muitas vezes, é possível enxergar o real Bob em várias cenas de sua atuação.

One Love, – apesar de deixar a pergunta “mas já?” em nossa cabeça quando termina,- é um filme muito bonito, emocionante e que consegue passar a mensagem a qual se prontifica, de forma rasa, mas consegue.

Avaliação: ★★★